Sede do jogo de abertura e de uma das semifinais da Copa do Mundo, a cidade de São Paulo terá um retorno financeiro superior a R$ 1 bilhão, segundo estimativa informada na manhã desta sexta-feira (11.07) durante a apresentação do balanço do evento na cidade, feito pelos governos municipal e estadual. O número de turistas no período ultrapassará os 500 mil, sendo 200 mil estrangeiros.
Esses dados superaram as expectativas criadas antes do início do Mundial, quando os órgãos responsáveis acreditavam que São Paulo receberia cerca de 70 mil turistas de outros países e que a Copa renderia aproximadamente R$ 700 milhões. A ocupação de hotéis teve média de 64%, subindo para 75% na véspera e em dias de jogos.
“Vimos que a Copa foi um momento importante para a população. Os depoimentos dos nossos visitantes falam muito sobre como eles foram bem recebidos, a imprensa relatou diversos casos de solidariedade e do acolhimento dos paulistas e paulistanos”, disse a vice-prefeita Nádia Campeão, que lidera o SPCopa (Comitê Especial para a Copa do Mundo).
Entre 12 de junho e 10 de julho, a cidade recebeu 495.859 turistas (299.322 brasileiros e 196.547 estrangeiros). “A Copa não termina no domingo para os viajantes. Muitos retornam a São Paulo e ainda passam alguns dias do começo da próxima semana aqui”, afirmou o presidente da SPTuris, empresa municipal de turismo, Wilson Poit.
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Recepção
“Estamos muito felizes com a forma como estamos sendo tratados pelos brasileiros. É um povo excelente”. A declaração, dada pelo torcedor argentino Alejandro Zurita pouco antes da semifinal em que seu país bateu a Holanda na Arena Corinthians, foi muito comum entre os turistas estrangeiros que foram a São Paulo acompanhar o Mundial.
Seja no entorno da arena ou no Vale do Anhangabaú, onde foi instalada a FIFA Fan Fest, brasileiros e “gringos” se divertiram juntos. Os argentinos formaram a maior parte dos estrangeiros que estiveram em São Paulo (31,7%). A maioria deles, sem ingresso, seguiu para o evento no Anhangabaú.
A Fan Fest inicialmente montada para 30 mil pessoas, teve sua capacidade diminuída, por razões de segurança e conforto, para 25 mil pessoas. O espaço lotou em boa parte dos dias de jogos, principalmente nos do Brasil, ou quando a Argentina esteve na cidade. Até o dia 9 de julho, quando houve a segunda semifinal, o público acumulado foi de 567.640 participantes. O evento se encerrará no domingo (13.07), quando será feita a transmissão da final entre Alemanha e Argentina. Neste sábado (12.07), quando Brasil e Holanda duelam pelo 3º lugar, os portões serão abertos às 11h. Foram registrados 870 atendimentos de saúde.
Além da capital, outras cidades do estado também puderam aproveitar o clima de Copa no país, já que 15 das 32 seleções que vieram ao Brasil escolheram centros de treinamentos paulistas para se preparar durante o torneio. Em Campinas, por exemplo, a seleção portuguesa reuniu 20 mil pessoas em dois treinos abertos realizados no estádio Moisés Lucarelli, da Ponte Preta. Outros 4.000 torcedores viram a Nigéria treinar no Brinco de Ouro, estádio do Guarani.
Itu (Rússia e Japão), Sorocaba (Argélia), Mogi das Cruzes (Bélgica), Cotia (Colômbia), Porto Feliz (Honduras), Águas de Lindoia (Costa do Marfim), Santos (México e Costa Rica), Guarujá (Bósnia e Herzegovina), Ribeirão Preto (França), Guarulhos (Irã), além da capital (Estados Unidos), foram locais de preparação de delegações no Mundial. De acordo com a coordenadora executiva do Comitê Paulista, Raquel Verdenacci, mais de 450 jornalistas circularam pelo litoral e interior para acompanhar as equipes.
A Copa na Zona Leste
A Arena Corinthians, em Itaquera, foi a responsável por dar as boas-vindas brasileiras ao mundo. Na partida de abertura da Copa, em 12 de junho, a seleção anfitriã venceu a Croácia por 3 a 1 e começou bem aquela que poderia ter sido a caminhada rumo ao hexacampeonato em casa. Uma semana se passou até o jogo seguinte, em 19 de junho, considerado um dos melhores do torneio: antes de virar vilão, foi na capital paulista que o atacante uruguaio Luis Suárez teve seu momento de herói, ao fazer os dois gols da vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra em seu retorno aos gramados após um cirurgia no joelho esquerdo.
Mais dois jogos de primeira fase ocorreram no estádio paulistano: em 23 de junho, a Holanda garantiu o primeiro lugar em seu grupo ao vencer o Chile por 2 a 0. Três dias depois, a Bélgica bateu a Coreia do Sul por 1 a 0, eliminando os asiáticos da competição. Dois dos seis passos da Argentina até a final também foram dados em São Paulo: a vitória por 1 a 0 sobre a Suíça na prorrogação, pelas oitavas de final, no dia 1 de julho, e a histórica classificação para a final ao bater a Holanda nos pênaltis no dia 9, garantindo o retorno a uma decisão de Copa após 24 anos.
As seis partidas somaram um público de 375.593 pessoas, com média de 62.599 por confronto – foram feitos 1.047 atendimentos de saúde. Espetáculos de diversas cores surgiram nas arquibancadas de um estádio que ficou pronto em cima da hora, mas que deu conta do recado. Um problema nos refletores ocorreu no dia da abertura, filas nas lanchonetes incomodaram os torcedores nos primeiros jogos e a iluminação externa poderia ter sido melhor. Fora isso, a avaliação é positiva: turistas e brasileiros aprovaram a experiência na arena, e pessoas com deficiência elogiaram a acessibilidade.
O estádio, projetado para 48 mil pessoas, ganhou dois lances de arquibancadas provisórias para a Copa, o que ampliou sua capacidade para 68 mil pessoas durante o torneio. As estruturas complementares começaram a ser desmontadas nesta sexta, trabalho que deve durar cerca de quatro meses. Nesse período, a arena poderá receber partidas normalmente.
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Itaquera
O bairro da zona leste paulistana onde a Arena Corinthians foi construída passou por mudanças para o Mundial. Itaquera recebeu investimentos de R$ 610,5 milhões em intervenções de mobilidade urbana, sendo R$ 459,9 milhões do governo do Estado de São Paulo e R$ 150,6 milhões do poder público municipal.
Foi feito o alargamento de pistas e a criação de túnel na principal avenida de acesso (Radial Leste). Novas vias foram construídas, além de alças e uma nova passarela sobre trilhos, que permitiram aliviar o trânsito do bairro. De acordo com os moradores, houve ganho no tempo de deslocamento no trajeto casa-trabalho e melhora na imagem de Itaquera, que ganhou projeção nacional e mundial por ter um dos estádios-sede da Copa.
O futuro projeta mais investimentos na região. “Neste segundo semestre vamos dar início à instalação do acordo feito entre a prefeitura e a Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] para a construção do Senai, Sesi e de um centro cultural. Além disso, a Fatec e a Etec agora entram em funcionamento total”, disse Nádia.
Além disso, o governo municipal decretou lei no final de 2013 que beneficia empresas de serviços que se instalarem naquela área com isenção de IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) e de 60% do ISS (Imposto Sobre Serviços). A expectativa é que a medida gere 50 mil novos postos de trabalho em Itaquera.
Transporte
Antes do início da Copa, o grande desafio da organização do evento em São Paulo era o transporte até a Arena Corinthians, em Itaquera (Zona Leste), a 19 km do centro da cidade. Mas a opção por usar o transporte público funcionou bem.
O Expresso Copa, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), com saída da estação da Luz, chegava ao destino nos 19 minutos previstos, sem paradas, até a estação Corinthians-Itaquera. A principal dificuldade por lá foram os vagões muito lotados, já que os trens ficavam alguns minutos parados na plataforma até encher. Esse meio de transporte era utilizado para a entrada Leste da arena. Para quem tinha bilhete para o portão Oeste do estádio, a opção era ir de metrô até a estação Artur Alvim e fazer o resto do trajeto, cerca de 900 metros, a pé. O metrô, usado também por usuários comuns, viajou surpreendentemente mais vazio.
“Os torcedores entenderam que seria a maneira mais rápida e eficiente de ir ao estádio”, afirmou Raquel Verdenacci, coordenadora executiva do Comitê Paulista para a Copa-2014. No total, metrô e CPTM transportaram 345 mil pessoas nas seis partidas disputadas na Arena Corinthians. Isso representa quase 92% do total do público que assistiu à Copa ao vivo em São Paulo. Em média, 57 mil utilizaram o transporte por trilhos a cada jogo.
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Aeroporto
O aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, teve 245 mil desembarques internacionais entre 10 e 25 de junho. É um número 18% superior ao mesmo período em 2013. Um mês antes do início da Copa, foi inaugurado o Terminal 3, com 192 mil metros quadrados e capacidade para 34 aeronaves. Esse terminal tem condições de receber mais de 12 milhões de passageiros por ano. Segundo a concessionária que administra o local, Cumbica passou a ser o maior aeroporto do Hemisfério Sul.
O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, também passou por reforma por conta da Copa. Foi inaugurado um píer internacional, que integra o novo terminal de passageiros que está sendo construído e irá ampliar a capacidade do aeroporto para 22 milhões de passageiros por ano.
Em Congonhas, aeroporto administrado pela Infraero, na Zona Sul de São Paulo, também foi montada a Fun Zone, em um espaço de 750 metros quadrados. Lá, os visitantes tiveram acesso a informações sobre a cidade e voos, caixas eletrônicos, conexão gratuita à internet, além de um espaço para relaxar e se divertir, com videogame, pebolim e futebol de botão. E, para dar conta da demanda dos turistas que vieram a São Paulo por causa da Copa, a cidade aumentou de seis para 15 as Centrais de Informação Turística, sendo sete fixas e oito móveis.
Vila Madalena
O tradicional bairro boêmio de São Paulo foi eleito o ponto de encontro preferido dos estrangeiros para festejar as vitórias de suas seleções. Nos dias de jogos da seleção brasileira ou de partidas na Arena Corinthians, a Vila Madalena recebeu, em média, 50 mil pessoas. O pico de público aconteceu no dia 4 de julho, data do confronto entre Brasil e Colômbia, em Fortaleza, pelas quartas de final da Copa do Mundo, quando 70 mil torcedores foram festejar no local.
O total de visitantes ficou muito acima do esperado inicialmente, o que trouxe transtornos para o trânsito e para os moradores da região. “Não tínhamos a previsão inicial de privilegiar um ou outro lugar da cidade. A concentração de pessoas na Vila Madalena trouxe uma certa surpresa para todos. Tivemos que adotar soluções mais imediatas”, afirmou Nádia Campeão, vice-prefeita e coordenadora da SPCopa.
Para responder às necessidades locais, aumentou-se o número de banheiros químicos de 40 para 160. Também foi intensificada a segurança no local, com proibição de estacionamento e a colocação de cercados nas vias mais movimentadas.
Anhembi e Interlagos
Para atender a demanda de turistas argentinos que vieram a São Paulo para os jogos de sua seleção contra a Suíça, pelas oitavas de final, e Holanda, na semifinal, a prefeitura abriu os espaços do Sambódromo do Anhembi (Zona Norte) e do Autódromo de Interlagos (Zona Sul) para o estacionamento de carros, ônibus, trailers e motorhomes.
No Sambódromo foram instalados 35 banheiros químicos e quatro chuveiros. O local teve capacidade para 400 veículos. A segurança foi feita por 12 guardas civis metropolitanos e 20 profissionais privados. Uma ambulância e quatro bombeiros também ficaram de plantão no local. Já em Interlagos havia vaga para 150 automóveis, com dez banheiros e seis chuveiros. O local foi vigiado por quatro guardas civis e 14 seguranças privados. Ali, os argentinos tiveram área para fazer churrasco. Também foi disponibilizado transporte entre a área de estacionamento e os chuveiros, que ficam no kartódromo.