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Com investimentos, moradores da Zona Leste de São Paulo celebram melhora da mobilidade e da imagem da região

Tempo de deslocamento diminui e presença do estádio coloca Itaquera no mapa mundial, de acordo com quem vive lá. O desafio, segundo eles, é manter investimentos e gerar empregos após a Copa

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Fotos: Leonardo Lourenço/ Portal da Copa#

A rotina de Guilherme começa às 4h. Morador do Jardim Iguatemi, no extremo leste de São Paulo, ele demora 1h30 para chegar ao bairro Belém, onde trabalha como auxiliar de escritório. Na volta, pega um ônibus às 17h e desce em frente à estação de metrô Corinthians-Itaquera. Ali Guilherme toma uma van e, atualmente, chega às 19h em casa.

“Antes eu chegava às 19h30, ganhei meia hora. Pode parecer pouco tempo, mas são 30 minutos para descansar e ficar com a família”, disse Guilherme Xavier. 

A redução no tempo de deslocamento foi possível com a realização de obras viárias no bairro de Itaquera, na Zona Leste da capital paulista. Além da construção da Arena Corinthians – sede de seis partidas da Copa de 2014 – foram feitas seis intervenções na região visando a melhoria da mobilidade urbana.

Uma alça de acesso entre as avenidas Jacu-Pêssego e José Pinheiro Borges (Nova Radial) foi construída, além de uma nova via de ligação Norte–Sul, no trecho entre as avenidas Itaquera e Nova Radial.Também foi feita uma nova avenida articulando a ligação Norte–Sul com a avenida Miguel Inácio Curi, e um túnel na Rua Dr. Luis Aires (Radial Leste). As outras intervenções são a rotatória e o alargamento de pista no cruzamento das avenidas Miguel Inácio Curi e Engenheiro Adervan Machado, e uma nova passarela sobre trilhos no sentido norte-sul, na altura da estação Artur Alvim do metrô.

O investimento foi de R$ 610,5 milhões, sendo R$ 459,9 milhões do tesouro do estado e R$ 150,6 milhões do poder público municipal. Todas as obras foram entregues antes do início do Mundial, com exceção de uma outra alça entre a Jacu-Pêssego e a Nova Radial, que ainda será feita.

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#Guilherme Xavier ganhou 30 minutos por dia no trajeto casa-trabalho: "Descanso e tempo com a família"

A consequência imediata dessas obras foi o alívio do trânsito na região. Assim como Guilherme, outros moradores da Zona Leste – que concentra cerca de 4 milhões de pessoas - comemoram a agilidade no transporte por ônibus, como é o caso da operadora de telemarketing Rose Bueno, que trabalha no centro. Ela usa trem e ônibus para o deslocamento. “O trajeto está muito mais rápido. Antes a pista da Radial Leste era muito estreita, o trânsito era horroroso. Hoje o tempo que você gasta de ônibus praticamente iguala o do metrô”, disse.

João Alexandre da Silva, presidente da Associação dos Mutuários e Moradores da Cohab I (Companhia Metropolitana de Habitação) em Artur Alvim também percebeu a redução de tempo em virtude das obras. “Você ficava uma hora tentando passar, dividindo o espaço com os ônibus. Agora tem faixa exclusiva de ônibus e o viaduto que traz os automóveis. O congestionamento já era. E se você pega o ônibus em Itaquera para o Parque Dom Pedro (no centro da cidade), dá 25 minutos. Antes, levava uma hora”, acrescentou.

Orgulho

Para todos eles, a transformação da região também acarretou uma mudança na imagem de Itaquera e da Zona Leste como um todo. A construção da arena e o fato de sediar jogos do Mundial, de acordo com Rose, levou a região para o mapa nacional e mundial. “Antes ninguém de fora de São Paulo sabia onde ficava Itaquera. Agora, minha prima em Maceió, por exemplo, conta para todo mundo que conhece uma pessoa que mora no bairro do estádio da Copa”, disse.

Para João Alexandre, as intervenções chamaram a atenção das pessoas de outros bairros para a região. “Criou a curiosidade de conhecer o estádio e os arredores. A Zona Leste sempre teve fama ruim, e fama ruim é difícil de tirar. Mas Itaquera não está mais nesse patamar que o povo falava. É outra região”, disse.

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Outras intervenções

A criação de equipamentos de formação profissional, cultura, lazer e serviços – o chamado Polo Institucional de Itaquera – já estava prevista antes da construção do estádio. A Fatec (Faculdade de Tecnologia) foi inaugurada em 2012, e uma Etec (Escola Técnica) iniciará as aulas em 2015.

A população local ganhou ainda o Viaduto Itaquera (com 240 m de extensão), uma nova praça pública (com 17.500 m²), a reforma e ampliação do Terminal Urbano Itaquera (mais18.500 m²), a revitalização de 24 km da iluminação pública da Radial Leste, além da cobertura e dos novos pontos de luz na passarela da estação Corinthians-Itaquera.

O  comerciante Márcio Braga destacou a limpeza dos espaços públicos e a iluminação. Ele também comemora o dobro do faturamento em dias de partidas, já que sua mercearia está muito perto da estação de metrô Artur Alvim, usada pelos torcedores para chegar ao estádio.  A expectativa é de que o movimento continue em alta quando o Corinthians jogar em casa após a Copa.

A valorização dos imóveis foi outro efeito da atração de investimentos para a Zona Leste.  “Apartamento aumentou, aluguel aumentou, comércios aumentaram preços. Mas o movimento também cresceu muito. Eu não vejo isso como negativo, porque muita gente ganhou. Um imóvel há quatro anos aqui na Cohab custava R$ 70 mil. Hoje custa R$ 200 mil”, explicou João Alexandre da Siva.

Obras viárias em Itaquera - São Paulo

Obras viárias em Itaquera - São Paulo

Mais empregos

Uma das mais antigas reclamações dos moradores da Zona Leste é a falta de postos de trabalho na região, o que obriga os residentes a se deslocarem diariamente em direção ao centro ou a outros pontos mais distantes para trabalhar.

“Temos que deixar de ser um bairro dormitório, os governos têm que trazer mais empresas para cá”, afirmou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Itaquera, Roberto Manna. A entidade representa 55 mil comerciantes e 600 indústrias daquela área.  Os números, segundo ele, são insuficientes para atender a demanda por empregos dos cerca de 800 mil moradores.

O ponto de vista é compartilhado por um dos principais ícones do bairro, Leandro Alves Martins, presidente da escola de samba Leandro de Itaquera. “Com os investimentos, as obras viárias, tudo em volta melhorou. Temos um estádio que é um cartão de visitas. Espero agora ter mais indústrias, mais comércios, para que o povo de Itaquera venha trabalhar no bairro”, disse o sambista.

De acordo com a Prefeitura de São Paulo, a administração já trabalha para atrair mais empresas para a região leste. No fim de 2013, o prefeito Fernando Haddad sancionou lei que garante benefícios às companhias de serviço dos setores de informática, educação, ensino e treinamento, hospedagem, call center e telemarketing que se instalarem nesta área da cidade. Elas terão isenção de IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) e de 60% do ISS (Imposto Sobre Serviços).

A expectativa do poder público municipal é gerar 50 mil novos postos de trabalho na Zona Leste. Ao menos um empreendimento já deve se beneficiar dos incentivos e iniciar obras logo após o Mundial: a incorporadora Lindencorp planeja construir um condomínio empresarial na área da antiga Pedreira Itaquera, próxima ao estádio do Corinthians.

“Agora temos que nos mobilizar para fazer jus aos investimentos e dar continuidade a esse ponta-pé dado com essas obras. Queremos crescer cada vez mais”, afirmou Karin Darling Martins, vice-presidente e filha do presidente da escola de samba. “O mundo inteiro está de olho em Itaquera e eles vão querer saber o que aconteceu aqui depois da Copa. Agora é trabalhar para a realização de sonhos e projetos que temos. Vamos continuar lutando, mais do que antes”.

Carol Delmazo e Leonardo Lourenço – Portal da Copa
 

 

 


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